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ALTA CAPELA - João Mateus home contactos

"Música Alta”, entre os séculos XV e XVII.

Concerto a 20 de Setembro de 2008, pelas 21h 30m na Igreja de Alte - Loulé

X ENCONTRO DE MÚSICA ANTIGA DE LOULÉ - 2008

ALTA CAPELA (20/10/2008) - Igreja Matriz de Alte

João Barroso / João Mateus / Richard Šeda / Marek Columby / José Mateus /Hélder Rodrigues / Ondřej Sokol / Rui Araújo

ALTA CAPELA (20/10/2008) - Igreja Matriz de Alte

Richard Šeda / José Mateus / João Barroso / Ondřej Sokol / Hélder Rodrigues / João Mateus / Marek Columby / Rui Araújo

ALTA CAPELA

“Música Alta” em Lisboa e Praga, entre os séculos XV e XVII.

O grupo “ALTA CAPELA”, nasce da necessidade de reconstituir a forma original da “Música Alta” praticada pelos “altos menistres”.

Procura igualmente reconstituir as formações instrumentais originais que integrariam as principais Capelas Musicais portuguesas.

O ALTA CAPELA é o resultado do encontro e partilha de interessantes experiências musicais praticadas em Lisboa e em Praga. Constitui um trabalho de cooperação entre músicos da “Camerata da Cotovia” de Portugal e músicos do “Svobodné hudební bratrstvo” da República Checa.

O grupo ALTA CAPELA é constituído pelos seguintes elementos:

Hélder Rodrigues - sacabuxa (CC)

João Mateus - corneta, corneta tenor, charamela, bombarda, baixão e direcção (CC)

João Barroso – percussão (CC)

José Mateus - baixãozinho (CC)

Marek Columby – corneta (SHB)

Ondřej Sokol – sacabuxa (SHB)

Richard Šeda - corneta (SHB)

Rui Araújo - viola de mão e tiorba (CC)

PROGRAMA

COMPOSITORES - Notas

PEDRO ESCOBAR (PEDRO DO PORTO) – (c.1465 - depois de 1535)

Nasceu no Porto. Foi cantor da Capela Real de Isabel a Católica entre 1489 e 1499, trabalhando também como compositor. Era o único membro português da sua capela. Em 1499, Escobar voltou a Portugal, mas em 1507 foi “Maestro de Capilla” na catedral de Sevilha, onde esteve até 1514. Em 1521 trabalhou em Portugal, como Mestre de Capela para o Cardeal D. Affonso, filho de D. Manuel. Por volta de 1535, Escobar vivia em Évora em condições miseráveis. Morreu em Évora. Duas missas completas sobreviveram, incluindo um Requiem, sendo este o primeiro composto por um compositor ibérico. Compôs também um Magnificat, 7 motetes, 4 antífonas, 2 aleluias, 8 hinos, e 18 canções polifónicas. O seu motete “Clamabat autem mulier Cananea”, foi particularmente apreciado pelos seus contemporâneos, tendo influenciado compositores posteriores. Citado por Gil Vivente nas “Cortes de Júpiter” inspirou o seu “Auto de Cananea” de 1534. Este Motete de Escobar foi apelidado por cronista João e Barros (1496-1570) como “o príncipe dos motetes”.

MANUEL CARDOSO (c.1566-1650)

Frei Manuel Cardoso nasceu em Fronteira (Portalegre). Estudou em Évora com Manoel Mendes (1547-1604). Foi menino de coro na Sé de Évora. Viveu grande parte da vida como frade carmelita no Convento do Carmo em Lisboa. Entre 1618 e 1625, esteve ao serviço do Duque de Barcelos, mais tarde El-rei D. João IV. As obras de Frei Manuel Cardoso que chegaram até nós estão impressas em cinco colecções, das quais duas foram pagas por D. João IV. Destas, a primeira e a última (1613 e 1648) incluem motetes e Magnificats, ao passo que as outras três (1615, 1636 e 1636) contêm Missas. A sua obra mais conhecida é a missa de Requiem (1625), para seis vozes (SSAATB)

DOM PEDRO DE CHRISTO (1545-1618)

Domingos Pedro de Cristo, nasceu em Coimbra entre 1540 e 1550. Pertenceu à ordem dos Agostinhos. Foi Mestre de Capela no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra (1571) e no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa a partir de 1597. Foi igualmente professor de música, cantor e um músico “multi-instrumentista”. No registo do seu óbito, ocorrido em Coimbra a 16 de Dezembro de 1618, diz-se que foi «grande compositor, tangedor de tecla e de baixão, arpa e frauta» e que morreu em consequência «de hua queda que deu na claustra do silêncio defronte da portaria». Compôs uma vasta obra vocal polifónica de 3 e a 6 vozes, compreendendo inúmeros motetos, responsórios, salmos, missas, hinos, paixões e lamentações.

PERO DE GAMBOA (1563? -1638)

Pero de Gamboa foi compositor e Mestre de Capela da Sé de Braga em 1587. Na narrativa de Frei Leão de Santo Thomas é referido como “ (…) bem conhecido nestes tempos próximos por Mestre & compositor de musica”. Pêro de Gamboa deixou uma obra relativamente escassa, destacam-se a colecção de 11 motetes. Morreu em Vila Nova de Famalicão em 1638.

D. JOÃO IV (1603-1656)

O próprio rei D. João IV, Duque de Bragança, foi um homem com excelente formação cultural. Na aprendizagem da música, foi aluno de Frei Manuel Cardoso. Destacou-se como compositor de várias obras tais como os motetes “Adjuva nos” e “Crux Fidelis" para 4 vozes e uma “Passio Domini” para 4 vozes. Escreveu dois tratados de teoria musical “Defensa de la Musica moderna contra la errada opinion del obispo Cyrillo Franco” e “Respuestas a las dudas que se pusieron a la Missa Panis quem ego dabo del Palestrina”, publicados respectivamente em 1650 e 1655. Foi amigo e protector do compositor João Lourenço Rebelo (1609-1661). Reuniu a maior biblioteca musical da Europa onde estavam representados mais de 200 compositores europeus do seu tempo. Lamentavelmente esta biblioteca seria destruída por um incêndio no terramoto de Lisboa em 1755.

DIOGO DIAS MELGÁS (1638-1700)

Diogo Dias Melgás nasceu em Cuba no Alentejo. Foi menino de coro da Sé de Évora em 1646. Estudou com Manuel Rebelo e foi Mestre de Capela na Sé de Évora durante 30 anos e foi nesta cidade que faleceu. A maior parte da obra de Melgás perdeu-se. Conservam-se Missas, Motetes e Graduais nos arquivos da Sé de Évora.

D. THEOTÓNIO DA CRUZ (? -1653)

Pouco se sabe acerca da vida de Frei Theotónio da Cruz. Foi compositor no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. Morreu em 1653. D. Teotónio da Cruz é autor de um grande número de composições musicais a 3 vozes intituladas “Concertados sobre canto chão atrasado”, existentes na Biblioteca da Universidade de Coimbra.

TIELMAN SUSATO (1500-1561)

Tielman Susato nasceu em Antuérpia. Foi calígrafo na catedral de Antuérpia. Era tangedor de trombeta. Criou a primeira editora de Música nos países baixos. Desde 1545 até ao fim da sua vida trabalhou como editor de Música. Editou um livro de música de dança “Dansereye 1551”- “Het derde musyck boexken ... alderhande danserye” que constitui uma colectânea de danças, muitas delas baseadas em canções populares.

MICHAEL PRAETORIUS (1571-1621)

Michael Praetotius nasceu em Kreuzberg, Thuringia (Alemanha). Em 1604 entrou ao serviço do Duque de Brunswick em Wolfenbüttel, primeiro como organista, e mais tarde como “Kapellmeister” (Mestre de Capela) e secretário. Publicou o “Terpsichore”, em 1612, formando uma colecção de mais de 300 danças instrumentais, baseadas em canções francesas. Produziu o tratado em 3 volumes “Syntagma Musicum I e Syntagma Musicum de Organographia II (1614-20), que constitui um dos mais importantes e exaustivos documentos sobre a organologia dos instrumentos musicais do séc. XVI-XVII. Foi também compositor de música sacra.

VALERIUS OTTO (1579- depois de 1612)

Valerius Otto nasceu em Leipzig. Como músico entrou ao serviço do príncipe Georg Ludwig von Leuchtenberg. Em Leipzig, em 1611, publica a sua obra, “Newe Paduanen, Galliarden, Intraden und Currenten, Nach Englischer und Frantzösischer Art”, também chamada “Danças de Praga”, que contém 62 composições a 5 vozes. Na introdução, Valerius Otto apresenta-se como “organista na igreja de Týn”, a principal igreja do centro de Praga. Outras 10 danças intrumentais foram incluídas na obra “Allegrezza musicale” (Frankfurt, 1620) de David Oberndörffer.

JOHANN CHRISTOPH PEZEL (1639-1694)

Johann Christoph Pezel , Petzoldt ou Pezelius nasceu em Klodsko, (que pertenceu ao reino Checo), hoje Glatz, na Baixa-Silesia, (Polónia). Foi violinista, trombeteiro e compositor. Entre 1661 e 1681 viveu predominantemente em Leipzig. Entretanto em 1672, entrou para o Mosteiro Agostiniano de Praga, o qual deixaria em breve após se tornar protestante. Os últimos dias da sua vida foram passados em Bautzen. Pertencendo inicialmente aos “Kunstgeiger de Leipsig, teria sido promovido a Statdpfeifer em Bautzen e em Leipzig. Em 1670 publicou a sua obra mais importante “Hora decima musicorum lipsiensium”. Conjunto de sonatas para cornetas e sacabuxas. Publicou também ‘Musicalische Seelenerquickungen’ (1675), ‘Deliciae musicales, oder Lutsmusik’ (1678), ‘Musica curiosa lipsiaca’ (1686).

ADAM VÁCLAV MICHNA Z OTRADOVIC (1600-1676)

Adam Václav Michna z Otradovic, nasceu em Jindřichův Hradec. Foi um poeta e compositor checo. Estudou no Jesuit Gymnasium entre 1611-12 e 1615-17. Compôs peças sacras com textos da sua autoria. Por volta de 1633 Michna tornou-se organista da cidade de Jindřichův Hradec. Só 1/3 das suas composições sobreviveram. Conhecem-se hoje cerca de 230 hinos compostos em Latim e em Checo. Estes hinos são claramente influenciados pela forte tradição popular checa. Com a sua energia criativa, Michna conquistou um importante lugar na produção musical do seu tempo. Da sua obra destacam-se “Česká mariánská muzika” (1649),” Loutna česká” (1653), “Svatoroční muzika” (1661) e Sacra et litaniae” (1654). A ele se devem as primeiras canções sacras checas.

HEINRICH IGNAZ BIBER (1644-1704)

Biber nasceu em Wartenberg - hoje Stráž pod Ralskem na República Checa. Como músico esteve ao serviço do Arcebispo Karl Liechtenstein-Kastelkorn em Olmutz desde 1668 e foi o primeiro violino no castelo de Kroměříž e na corte de Salzburg. Em 1684 foi nomeado “Kapellmeister” (Mestre de Capela) em Salzburg. Para além de ser um compositor notável foi também um virtuoso violinista. Da sua importante lista de obras instrumentais publicadas, destacam-se as diversas colecções de Sonatas para violino e trompete. Biber foi igualmente um importante compositor de música sacra, salientando-se o “Requiem em Fá menor” (1692), a “Missa Christi Resurgentis” e a espantosa “Missa Salisburgensis” (1682) para 53 vozes independentes.

GOTTFRIED REICHE (1667-1734)

Gottfried Reiche, nasceu na cidade de Weißenfels (Alemanha). Esta cidade era conhecida pela sua tradição na arte de tocar trompete, iniciando-se desde muito cedo neste instrumento. Em 1688 foi para Leipzig. Aí foi nomeado “Sénior Stadtpfeifer” em 1706. Em 1696 publicou a sua obra intitulada “Vier und Zwanzig neue Quatricinia mit einen Cornett und drey trombonen”, reunindo diversas sonatas, sonatinas e fugas para uma corneta e três sacabuxas. Reiche juntamente com Pezel é considerado um compositor da chamada “Turmmusik” (música de torre) ou seja, música tocada geralmente por instrumentos de sopro, a partir de uma torre da igreja ou da câmara municipal. Foi trompetista de Johann Sebastian Bach.

A ALTA MÚSICA

- Que Música estariam a tocar estes 6 menistres no sec. XVI?

Pormenor do Retábulo de Santa Auta – c. 1522 - Oficina de Lisboa, [Cristóvão de Figueiredo e Garcia Fernandes?]

charamelas, bombardas e sacabuxa.

- Que Música estariam a tocar estes 6 músicos numa procissão do sec. XVII?

Denis van Asloot (1570-1628) - pormenor da "Procissão de Nossa Senhora de Sablon" Bruxelas 31 de Maio de 1615

Museu do Prado

baixão / bombarda / corneta / charamela / bombarda / sacabuxa

Na Idade Média e na Renascença, o termo “Capela” (Musical) designa o conjunto dos cantores e instrumentistas - minestréis, que participavam em actividades ligadas à liturgia da Igreja. Estes músicos que nos aparecem com as diferentes designações de “menistres” ou “menistréis”, eram muitas vezes multi-instrumentistas que formavam conjuntos relativamente autónomos. Constituíam um grupo de músicos profissionais que trabalhavam para um rei, nobre, igreja ou poder municipal, de uma forma mais ou menos permanente. Existiam os menistres baixos, que tocavam instrumentos de sonoridade mais fraca, e os menistres altos, que tocavam instrumentos de sopro com forte sonoridade tais como trombetas, charamelas, sacabuxas cornetas e mais tarde o baixão e baixãozinho.

Estes agrupamentos de “ALTA MÚSICA” tinham diversas designações conforme o país ou região. Os “piffari” em Itália, os “stadtpfeifer” na Alemanha, os “waits” ou “loud minstrels” em Inglaterra, os “hauts menestrels” em França, os “altos ministreles” em Espanha, os ou “menistres altos” em Portugal e os “pozouneři” na região ocupada hoje pela República Checa.

As ocasiões especiais de festa pública, tais como banquetes, cortejos e cerimónias reais, procissões ou outras grandes festividades, celebradas quer em palácios, igrejas, ou em espaços exteriores de praças ou principais ruas das cidades, eram marcadas com “Alta Música” e com grande “estrondo” ou impacto sonoro.

No “Livro dos Conselhos de El-Rei D. Duarte (Livro da Cartuxa) ” (séc. XV) indica-se que os infantes D. Pedro, D. Fernando, tinham cada um ao seu serviço além dos cantores, quatro menistréis de charamelas, quatro de outros instrumentos e quatro trombetas.

Na crónica D’El-Rei D. João II de Garcia de Resende destacamos as passagens seguintes:

“E ao domingo vinte e sete dias de Novembro do dito ãno de mil e quatrocentos e noventa que era o dia ordenado pera a entrada da princesa em Évora (…) Chegou el-rey ao moesteiro, e a princesa que ja estava prestes sayo logo (...) E diante dela muitas trombetas, e atabales, charamelas, e sacabuxas, (...). E o estrondo de todas as trombetas e atambores, menistres altos d'el-rei, da princesa e do duque, e muitos senhores que os levavam era cousa espantosa.” (…) “muitos menistres altos e baixos” (...) “trombetas, atabales, e menistres altos que tangiam” (...) “E o estrondo das trombetas, atambores, charamelas, e sacabuxas, e de todolos menistres era tamanho que se nam ouviam”

Uma das primeiras referências à música “Alta “ aparece com Johanes Tinctoris (1436-1511) no seu tratado “De usu et inventione musicae, Nápoles c, 1487:

“Os tocadores de charamela tocam em instrumentos de diversos tamanhos, alguns mais agudos para as vozes superiores e outros mais graves - geralmente chamadas bombardas - para as vozes do meio e inferiores. Por vezes são acompanhados por músicos de sopro com instrumentos de metal, que tocavam um tipo de trombeta chamada em Itália trompone [trombone ou sacabuxa] e em França saque-boute [sacabuxa]. Quando todos estes instrumentos tocavam em conjunto eram chamados a “ALTA”.

Na crónica d’El-Rei D. Manuel encontra-se a seguinte passagem: “Todolos domingos & dias sanctos jantava & çeava [El-Rei D. Manuel] com musica de charamela, sacabuxas, cornetas, harpas, tamboris & rabecas & nas festas principaes cõ atabales, & trõbetas, qe todos em quãto comia tangiam cada hu per seu gyro (…).”

No século XV este tipo de agrupamento, formado basicamente por charamelas, sacabuxas e atambores, seria alargado às cornetas e mais tarde às dulcianas (Baixões e Baixõezinhos) ao longo dos sécs. XVI e XVII.

Em Portugal, os instrumentos que eram utilizados nas principais capelas, seriam predominantemente instrumentos de sopro. Conforme consta do “Livro das Mercês”, sabemos que a partir dos finais do séc. XVI, em Vila Viçosa, a Capela Ducal de D. Teodósio II, Duque de Bragança (pai de futuro rei D. João IV), era composta, além dos Mestres de Capela e Cantores, pelos seguintes instrumentos: trombeta, charamela, corneta, baixão, baixãozinho, sacabuxa, contrabaixo e orgão. No mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, o Capítulo de 1656 especifica que, para além do órgão, os instrumentos apropriados para o uso na igreja são a harpa, o baixão, o fagote (da mesma família do baixão) e a corneta. Na Capela da Sé de Évora num documento datado de 1651 com as folhas de salários aparecem referências além dos mestres da capela cantores e organistas, os nomes de quatro charamelas, uma corneta, dois sacabuxas, dois baixões, um fagote e um tangedor de harpa.

O repertório que era tocado por estes agrupamentos seria de três tipos. O repertório vocal, em que os instrumentos “dobravam” ou substituíam as vozes cantadas, o repertório puramente instrumental derivado do vocal e o reportório (instrumental) proveniente de danças populares ou da corte.

Para além de peças estritamente instrumentais e de dança em voga na época em toda a Europa, estes grupos proponham interpretações instrumentais de canções e peças de música vocal retiradas do repertório religioso tais como partes de missas e motetes.

Nos séculos XVI e XVII, a música de dança impressa, na maior parte a quatro e a cinco vozes, tais como as recolhas de Tielman Susato, de Praetorius, circularia por toda a Europa. Encontramos referências a estas peças no índice da famosa e lamentavelmente perdida, Biblioteca Musical d’El-rei D. João IV.

João Mateus 2008

[1] “Free Musical Brotherhood”